Não queremos mais suportar os pesos das “verdades”, continuar sendo suas vítimas ou seus cúmplices. Sonho com um mundo em que se morreria por uma vírgula. (Silogismos da amargura)
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Suficientemente ingênuo para colocar-me em busca da Verdade, interessei-me no passado — inutilmente — por muitas disciplinas. Começava a firmar-me no ceticismo quando tive a idéia de consultar, como último recurso, a Poesia: quem sabe, disse a mim mesmo, talvez me seja útil, talvez esconda sob sua arbitrariedade alguma revelação definitiva. Recurso ilusório: ela me fez perder até minhas incertezas… (Silogismos da amargura)
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A Verdade? Encontra-se em Shakespeare; um filósofo não poderia apropriar-se dela sem explodir com seu sistema. (Silogismos da amargura)
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O medo de ser enganado é a versão vulgar da busca da Verdade. (De l’ìnconvenient d’être né)
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“Que é a verdade?” é uma pergunta fundamental. Mas ínfima comparada com: “Como suportar a vida?” A qual por sua vez empalidece ao lado desta: “Como suportar-se a si mesmo?” — Eis a pergunta capital à qual ninguém tem uma resposta. (Écartèlement)
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A filosofía hindu busca a liberação; a grega, à exceção de Pirro, Epicuro e alguns inclassificáveis, é decepcionante: não busca mais que a… verdade. (Aveux et anathèmes)
Tradução do francês: Rodrigo Menezes
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