“Se existe alguém que deve tudo a Bach, esse alguém é Deus”. Neste programa a leitura de Emil Cioran para as relações entre Bach e Deus. Por Manuel da Costa Pinto.
Cultura FM » Programas » Entrelinhas, 17/08/2022 [+]
Neste programa vamos falar do “Quinto Evangelista”. Não se trata de nenhum apóstolo de Jesus ou do autor de algum daqueles evangelhos encontrados depois que a Igreja determinou que os quatro evangelhos oficiais da Bíblia seriam os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João. Estamos falando de um compositor: o alemão Johann Sebastian Bach.
Para a maior parte dos apaixonados por música, Bach é o primeiro grande gênio da história da música ocidental. Mas para um filósofo – o romeno Emil Cioran –, Bach é tão importante que o próprio Deus não seria tão divino sem sua música.
“Sem Bach – escreveu Cioran – a teologia seria desprovida de objeto; a Criação seria fictícia; o nada seria eterno. Se existe alguém que deve tudo a Bach, esse alguém é Deus”.
A frase é bem provocativa, quase uma heresia, bem no estilo insolente de Cioran – que escreveu isso no livro Silogismos da Amargura.
REPERTÓRIO:
– Johann Sebastian Bach, a abertura, seguida da ária “Erbarme dich, mein Gott”, da “Paixão Segundo São Mateus BWV 244” – com coro e orquestra da Chapelle Royale de Paris e o Collegium Vocale Gent, sob regência de Phillipe Herreweghe e com o contralto René Jacobs na ária.
– Johann Sebastian Bach, o “Concerto de Brandendurgo n. 5 em ré maior BWV 1050”, com a Filarmônica de Berlim regida por Herbert Von Karajan e com Edith Picht-Axenfeld ao cravo. Movimentos: Allegro, Affetuoso e Allegro.
– Johann Sebastian Bach, a “Fuga a 3 Soggetti”, seção final da “Arte da Fuga BWV 1080”, com o conjunto de violas Fretwork.
– Taraf de Haïdouks, “Turceasca”, com interpretação do Kronos Quartet e arranjo de Osvaldo Golijov.
Para escutar o programa, acesse o site da Cultura FM.