Biografia: 1961-1995

Em 1961, Cioran recusa mais um prêmio, desta vez oferecido por Combat, tendo dentre os jurados Henri Thomas. Cioran visita a Inglaterra, a Espanha e a Áustria. Neste mesmo ano, morre Lucian Blaga. Em 1963, o autor abandona o cigarro e o café. Quase três anos depois, escreveria num caderno: “Faz hoje trinta e cinco meses que renunciei ao tabaco e ao café, faz trinta e cinco anos que eu perdi minha alma.” O escritor escreveu um romance e muitos ensaios sobre esse trágico acontecimento. Como não deu certo, os alunos escrevem sobre a biografia do autor. É também um dos tópicos populares para encomendar ensaios em best writing services at https://bestwritingservice.com/ 

Em 1964, publicação de seu quinto livro em francês, La chute dans le temps, como os dois anteriores, eminentemente ensaístico. No ano seguinte, reedição do Breviário em formato de bolso. Em 1966, Cioran passa uma temporada de férias no balneário espanhol de Talamanca, onde terá crises de insônia e será tentado pela ideia do suicídio. Dessa experiência resultará o Cahier de Talamanca. Este é um ano trágico: em um intervalo de pouco mais de 1 mês, morrem na Romênia sua mãe, Elvira (18 de outubro), e sua irmã, Virgínia (23 de novembro). Cioran segue escrevendo para a N.R.F. e outras publicações francesas. Em 1969, é publicado Le mauvais démiurge (“O funesto demiurgo”), mais um livro de ensaios, só que desta vez intercalados com aforismos. Graças a este livro, Cioran será saudado por Jacques Lacarrière como um autêntico gnóstico extraviado em um século XX tecnocrático, ou, em suas palavras, “um bogomilo edulcorado em contato com o Ocidente”. No mesmo ano, o jornal Le monde publica, contra sua vontade, um artigo de página dupla intitulado “Cioran ou le Nihilisme contemplatif”.

1970-1979 – Cioran segue publicando na N.R.F. e diversas outras revistas literárias francesas. Em 1970, dois amigos se suicidam: Arthur Adamov e Paul Celan, poeta alemão de origem romena e tradutor do Breviário na Alemanha (Die Lehre vom Zerfall). Cioran comparece ao funeral. Viagens à Áustria, à Suiça e à Inglaterra. Em novembro de 1973, é a vez de De l’inconvenient d’être né ser publicado, e, no ano seguinte, Le mauvais démiurge é o primeiro livro de Cioran a ser traduzido em espanhol e publicado na Espanha, por Fernando Savater, em plena ditadura franquista: El aciago demiurgo. O livro será banido pela censura e só voltará a ser publicado 5 anos mais tarde. Além das viagens para países vizinhos, ao longo desta década Cioran recorrerá inúmeras vezes ao seu retiro em Dieppe, no litoral norte da França (alta Normandia), onde ele e Simone adquiririam uma pequena casa de veraneio. Em 1977, o autor recusará mais um prêmio: desta vez, o prix Roger-Nimier, oferecido pelo conjunto de sua obra, recusando ao mesmo tempo 10.000 francos. Em 1979, publicação de Écartèlement, também composto de ensaios combinados com aforismos.

1980-1989 – Em 1981, a Securitate lança o programa “Recuperação”, na tentativa de trazer Cioran de volta à Romênia. Para isso, aproxima-se de seu irmão, que se recusa a colaborar quando descobre do que se trata. Mais publicações em N.R.F., e em muitas outras revistas literárias francesas. Viagens à Alemanha, Suíça, Itália, Grécia e Inglaterra. Em 1984, falece Henri Michaux. Cioran comparece ao funeral. Dois anos depois, Cioran publica o livro que o consagrará como escritor e estilista de língua francesa, dentro e fora da França: Exercícios de admiração: ensaios e perfis, no qual ele assina, pela primeira vez, apenas Cioran. Ainda em 1986, em novembro, Des larmes et des saints (Lágrimas e santos) é traduzido pela amiga e compatriota Sanda Stolojan, sendo o seu primeiro livro romeno publicado na França. No ano seguinte, 1987, será publicado o último livro de Cioran, ainda inédito em português: Aveux et anathèmes (“Confissões e anátemas”). Após os Exercícios de admiração, outro sucesso editorial, tanto de público quanto de crítica. No mesmo ano, um episódio curioso: uma jovem mulher se aproxima dele como leitora, mas ao descobrir que se tratava de uma sondagem do prêmio Nobel, que contemplava sua obra, ele imediatamente a rechaçou. Em 1988, outro episódio curioso: a agência Associated Press espalha uma falsa notícia de que Cioran teria se suicidado em seu apartamento por envenenamento. Dias depois, ele reaparece em público, desmentindo o boato. Cioran toma a decisão não mais escrever. Ainda em 1988, recusa o prêmio Paul-Morand da Academia francesa, que lhe agraciaria com 3000.000 francos. No ano seguinte, a queda do ditador romeno Nicolae Ceauşescu: a alegria de Cioran não é muito efusiva. No mesmo ano, em 22 de dezembro, morre seu amigo Samuel Beckett.

1990-1995/7 – A Bibliothèque nationale française (B.N.F.) apresenta o manuscrito do Breviário de decomposição em uma importante exposição intitulada: “En français dans le texte. Dix siècles de lumières par le livre”. Após o fim da Guerra Fria, é reeditado, em Bucareste, pela Humanitas, Schimbarea la faţă României. A partir de então, seus livros romenos começarão a ser reeditados e traduzidos, primeiro na França, depois em outros países, assim como seus livros franceses começarão a ser traduzidos e editados na Romênia. Em 1991, Îndreptar pătimaş (“Breviário dos vencidos”) é editado em Bucareste, também pela Humanitas. Em 1993, os primeiros sintomas inequívocos do Alzheimer: em meados de fevereiro, encontram Cioran sentado na calçada, perdido e confuso; tentava voltar para casa do escritório da Gallimard, mas não se lembrava o caminho. Além disso, já vinha sofrendo de varizes e de cálculo renal. Mais ou menos um mês depois, fratura o fêmur em uma queda sofrida em casa: é hospitalizado no hospital Cochin. Alguns dias mais tarde, é diagnosticado com uma grave úlcera e transferido para o hospital geriátrico Broca. Em outubro de 1993, é publicado seu último artigo pela N.R.F.

Em 20 de junho de 1995, Cioran falece no hospital Broca, após ter entrado em coma na véspera. Seu estado já era crítico há algumas semanas. Muito embora estivesse ao seu lado, no hospital, a maior parte do tempo, Simone Boué estava ausente no momento de sua morte. Em 23 de junho, a igreja romena de Paris providenciou seu funeral, de acordo com o rito ortodoxo, no cemitério de Montparnasse, em que o casal já havia reservado uma tumba. A esposa de Eugène Ionesco, Marie-France Ionesco, ajudou a organizar as solenidades.


Após a morte de Cioran, Simone Boué encontraria, perdidos ou escondidos no apartamento, uma dezena de cadernos de Cioran, que ela prontamente tratou de datilografar para providenciar sua publicação. Além das obras publicadas de son vivant, estes Cahiers, mantidos de 1957 a 1972, contam com mais milhares de páginas de fragmentos. Dois anos após o falecimento do companheiro, e pouco depois de ter entregado o material dos cadernos para serem publicados, Simone morreria afogada no litoral da Vendée, perto de sua cidade natal. Os Cahiers: 1957-1972 (Paris, Gallimard, 1997) seriam publicados poucas semanas após sua morte, e ela infelizmente não pôde ver o resultado de seu esforço concretizado. Simone Boué e Emil Cioran estão enterrados juntos no cemitério de Montparnasse, em Paris.

Fontes bibliográficas:

  • CAVAILLÈS, N.; DEMARS, A., “Chronologie”, in: CIORAN, E.M., OEuvres. Paris: Gallimard (Bibliothèque de la Pleïade), 2011
  • LIICEANU, Gabriel. Itinéraires d’une vie: E. M. Cioran. Paris: Michalon, 2007.
  • ZARIFOPOL-JOHNSTON, Ilinca. Searching for Cioran. Indiana: Indiana University Press, 2009.